O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou nesta sexta-feira (6) um relatório preliminar sobre o acidente com um avião da Voepass em Vinhedo (SP), que matou 62 pessoas em 9 de agosto, e disse que os pilotos detectaram um problema no sistema antigelo logo no início do voo.
O documento não tem como objetivo apontar culpados, mas sim indicar "possíveis fatores contribuintes" para a tragédia, de acordo com o Cenipa, que é vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB).
Em coletiva de imprensa, o brigadeiro do ar Marcelo Moreno, chefe do órgão, contou que o gravador de voz da cabine capturou uma fala de um dos pilotos, Danilo Santos Romano, que indicava uma "falha no sistema" de degelo.
No entanto, a caixa-preta que registra os dados do voo não confirmou a mesma informação. "Os tripulantes comentam sobre falhas no sistema de boot das asas", reforçou o tenente-coronel aviador Paulo Mendes Fróes, investigador do Cenipa, em referência ao equipamento inflável que serve para quebrar o gelo na superfície de ataque das asas de aviões.
O relatório preliminar ainda mostra que o sistema antigelo foi ligado e desligado várias vezes durante o voo, mas ainda não se sabe se isso foi feito manualmente ou se foi provocado por um problema técnico. De acordo com o Cenipa, a aeronave ATR 72-500, fabricada pela empresa franco-italiana ATR, estava com a manutenção em dia e certificada para voar em condições de gelo.
Além disso, os pilotos tinham treinamento em simuladores para essas situações de voo - a meteorologia previa formação de gelo severo entre 12 mil e 20 mil pés no dia da tragédia.
O avião voava entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP) e caiu em queda livre sobre o jardim de uma casa em um condomínio residencial em Vinhedo. Todos os 58 passageiros e quatro tripulantes a bordo morreram.
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